FASCINANTE

07/07/2013

Relembrando A São Paulo Da Garoa

Sampa... que saudade da
"minha infância querida que os anos não trazem mais..."
Orra meu, dasveis bate uma saudade daquela cidade...
Ósculos e amplexos,
Marcial
******
                                                        
 Relembrando a São Paulo da garoa,  é preciso lembrar que sempre foi uma das grandes cidades do mundo, e sempre a maior do Brasil, mas quem vê esta metrópole alucinada de hoje, e a conheceu em outras épocas, forçosamente sentirá a saudade batendo forte no peito.

Era outra vida, era o tempo das serenatas, quando aqueles rapazes pretendiam conquistar suas eleitas,  cantando sob suas sacadas, e as donzelas, sempre suspirantes, assomavam às janelas, sorrindo enlevadas para seus apaixonados. Eram lindos romances, castos, puros, platonicos...
As crianças dessa época apenas sabiam brincar, ignorando totalmente essas coisas de namoro.  A infância vivia uma verdadeira infância, sem queimar etapas, existia algo chamado inocência, e apenas na entrada da adolescência que começava a existir aquele namoro “de portão”, e assim, as serenatas eram um meio para os rapazes demonstrarem seus sentimentos às jovens.  Hoje, bate uma saudade incrível desse romantismo gostoso. Piegas, porém, muito gostoso.
Andava-se tranquilamente pela cidade. Era possível brincar nas ruas. E existiam aqueles jogos de “uma na mula”, “dono da rua”, jogava-se futebol nas calçadas, e com bolas de meia. Alguém sabe o que é uma bola de meia?

Existiam indivíduos que viviam fora da lei, eram os chamados malfeitores. Mas nem eles agiam com violência, principalmente com essa violência gratuita que vemos nos dias de hoje. Praticamente não se conhecia a praga das drogas de hoje, até para isso havia uma certa ética que eles respeitavam. Tivemos alguns nomes que marcaram época, como Meneghetti, Sete Dedos, que entravam nas residências, roubavam e saiam, sem que ninguém notasse sua presença. Tudo dentro da mais estrita “ética profissional”.
Não havia esse consumo desenfreado de drogas, essa maldade que se encontra hoje, quando as pessoas de bem precisam viver enclausuradas, com medo da violência das ruas. A rua era nossa, podia-se passear e brincar à vontade.  Um costume da época, vizinhos reuniam-se à porta de uma das casas, colocavam cadeiras na calçada, e o papo avançava noite a fora, e não havia a tal da televisão, e nem se sonhava com os computadores... Havia uma convivência saudável, e havia um enorme respeito das crianças e jovens pelos mais velhos. Sua palavra era quase lei.
São Paulo com seus bondes, com o charme fantástico da Avenida Paulista, e seus  palacetes, com  que os “barões do café” ostentavam sua opulência, sem que precisassem temer serem sequestrados. O que dizer então da Avenida São João, e seus lindos cinemas, como Metro, Art Palácio, Paysandu, programa obrigatório dos fins de semana. O Ponto Chic, e seu famoso “Bauru”...
E as salas de espetáculo como Odeon, na Rua da Consolação, com as Salas Azul, Verde e Vermelha. No carnaval, os bailes do Odeon eram o ponto alto naquela bela Sampa, e na esquina com a Av. São Luiz, havia a Radio América, onde nos fins de semana assistia-se a monumentais shows musicais. Por exemplo, os Quitandinha Serenaders, um conjunto que arrasava, e não podemos esquecer um jovem que tocava bandolim genialmente, chamado Jacob do Bandolim, sem falar nos  Titulares do Ritmo, que era um conjunto formado por cegos, e que a todos encantavam com sua arte, e ainda não podemos esquecer uma menina em começo de carreira que arrasava corações juvenis, chamada Hebe Camargo. E um garoto que ela chamou de “principezinho de olhos azuis”, ganhando um gostoso beijo nas bochechas...

Nessa época, ainda havia a famosa garoa, e agora, acho que a poluição matou a garoa... E como era gostoso passear a noite, curtindo o friozinho saudável dessa velha garoa, pela Av. São Luiz, Praça da Republica, Av Ipiranga...
Nos dias de jogo no Pacaembu, o charme era voltar a pé, para uma paquera na Praça Buenos Ayres, um dos pontos mais lindos daquela São Paulo, descer pela Av. Angélica até o Largo do Arouche, para ir patinar num rinque de patinação, que era o ponto de encontro da rapaziada,  sempre naquela tentativa de um namorinho com as meninas que lá iam, sempre com seus pais. As meninas “de família”, jamais saiam sozinhas...

Essa era a São Paulo daquela época... Não é para sentir saudade?
“São Paulo da garoa... São Paulo que terra boa...”
Rememorando, ainda é possível pensar em ter UM LINDO DIA...

Marcial Salaverry

Um comentário:

  1. Lendo seu texto, fez-me viajar num túnel do tempo e relembrar dias maravilhosos que vivi nessa cidade, num tempo nem tão distante assim, agora olho pela janela do meu quarto e vejo uma garoa fina e gelada caindo do céu e o tom branquinho da nebulosidade vai limpando tudo, deixando um toque de lembranças pelo ar...
    Boa dia!

    ResponderExcluir