Realmente poetalmente, amor rima com dor...
Mas amor não combina bem com dor...
Amor combina com alegria, mesmo que não
rime...
Osculos e amplexos,
Marcial
*****
É fato que poetalmente
amor rima com dor, mas na vida não é a combinação ideal, pois amor combina com
felicidade, com alegria, jamais com dor, embora possa se dizer que existem duas
dores no amor, que doem fundo, e uma delas, é quando a relação termina
unilateralmente, ou seja, alguém termina um relacionamento, mas o amor persiste
em um dos lados que, logicamente não se conformará facilmente com o fato de não
mais ser amado. Não é fácil acostumar-se
com a ausência de quem queríamos a nosso lado.
Perguntamo-nos porque fomos rejeitados, não nos conformando por não
sermos amados com a mesma intensidade que amamos.
E isso dói fundo em nossa
alma, eis que sentimos falta dos beijos, dos abraços, daquelas ternas carícias,
e perguntamo-nos como tanto amor pode acabar, mas o fato é
que acabou, e torna-se necessário substitui-lo, para não ficar
apenas nas lembranças. Temos que nos dar a chance de viver novamente. Se não
foi possível com um amor, será com outro.
Não podemos deixar de viver, apesar da dor.
Por paradoxal que possa
parecer, a segunda dor é justamente essa “operação limpeza” que precisamos
fazer, pois teremos que esvaziar nosso coração, deletando a saudade que
teimosamente lá permanece, pois não é muito fácil remover de nosso interior
tudo aquilo que lá temos enraizado. Mas
é imperioso faze-lo, mesmo que nos doa, pois se não o fizermos, a dor
continuará doendo, e não conseguiremos viver um novo amor dessa maneira.
Estranhamente vai nos
doer para nos livrarmos dessa dor.
Algo como a picada da anestesia que o dentista aplica antes de extrair o
dente. O efeito da anestesia ainda
permanecerá algum tempo, deixando-nos como que adormecidos, mas traz
gostoso alívio depois. Assim será a
“extração das lembranças perdidas”. Vai
doer, mas passa logo, e a vida estará novamente à nossa frente, esperando que a
vivamos com renovada alegria de viver.
Na realidade, o que
atrapalhava era aquela necessidade masoquista de curtir a tristeza do amor
perdido. Perdiamo-nos nas lembranças dos
gostosos momentos vividos, fechando os olhos para a possibilidade de reviver as
mesmas alegrias ao lado de outro alguém. Ninguém é totalmente insubstituível.
Não podemos ficar eternamente apegados ao amor, tanto quanto à pessoa que
amamos. Precisamos esquece-la para voltar a viver com alegria, mesmo que sempre
fique aquela lembrança guardada lá no fundo, pois um amor verdadeiro, jamais
será esquecido totalmente, mas podemos te-lo como um momento bom vivido, e que
já acabou, embora deixando boas recordações, acabou, e a vida continua.
Certamente essa será uma
dor mais amena, quase imperceptível. Não mais a querermos a nosso lado, mas a
queremos em nossa saudade. Estranho,
não? Mas a capacidade de amar nos faz ver que estamos vivos. Então, para melhor
nos livrarmos dessa dor, nada como a anestesia de um novo amor.
Uma pequena frase de
L’Inconnu:
"Despedir-se de um
amor é despedir-se de si mesmo."
É um fato, pois quando
nos entregamos a um amor, deixamos algo de nós junto a esse amor, e ao nos
despedirmos dele, seja por qual motivo for, esse algo nosso irá junto, e exatamente
por isso, é que precisamos sempre nos reciclar para continuar vivendo, e a vida
sempre será boa, seja com um amor por toda a vida, ou com muitos amores a serem
vividos enquanto vivermos.
Como a amizade é a forma
mais linda de amor, é que precisamos sempre manter as boas amizades, para não
perdermos muitos pedaços nossos, sempre vivendo em paz, e tendo UM LINDO DIA.
Marcial Salaverry
Nenhum comentário:
Postar um comentário