Nem sempre quem escreve poesias pode ser
chamado de poeta...
Para ser poeta, é preciso ter uma alma
poetal...
Osculos e amplexos,
Marcial
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Existe uma pergunta que
jamais se cala, é se realmente poderemos chamar de poeta todos aqueles que
escrevem poesias... Na verdade, o "Ser Poeta", é aquele ser que
escreve poesias, certo... Mas para um Ser Poeta, ser poeta de fato, é preciso
que tenha a alma poetal.
Não basta ter uma técnica
irretocável, se sua alma não poeta junto com os dedos.
Encontrei
uma frase, que expressa bem o que é SER POETA, escrita por um dos grandes
mestres das letras, José de Alencar. Vejam:
"O cidadão é o
poeta do direito e da justiça; o poeta é o cidadão do belo e da arte."
Antes de mais nada, ser
poeta, é um estado de espírito. Quem é poeta, o é internamente. Tem a poesia na
alma. Falamos "poeta", mas normalmente estamos nos referindo a todo
aquele (ou aquela que poeta, eis que o termo POETA, se aplica tanto
"aos", como "às") que tem aquele dom natural para as artes
escritas, seja em poesia, ou em prosa. Tudo depende do lirismo da alma de quem
escreve.
Pode-se aperfeiçoar a
arte da escrita, seja através de estudos, desenvolvendo toda uma técnica, seja
através da prática, escrevendo-se cotidianamente. Aliás, quanto mais se
escreve, mais se desenvolve um estilo próprio, e melhor se escreve, pois vamos
corrigindo defeitos (ou mesmo os aperfeiçoando, pois muitas vezes um
defeito acaba se transformando em qualidade...).
Existe uma certa polêmica
que tenho visto na Internet, onde alguns puristas das artes poetais criticam
acerbamente os poetas que simplesmente libertam seu interior, escrevendo o que
lhes vai na alma, sem qualquer preocupação quanto aos detalhes técnicos, tão
ferrenhamente defendidos pelos
ditos puristas.
Ora, qualquer julgamento
que se faça, sempre será algo pessoal. É íntimo de cada qual. Se não gostamos
do que determinados poetas escrevem, será suficiente não mais os lermos. Daí,
passar para ataques pessoais, publicando críticas azedas quanto à qualidade
artística do que este ou aquele poeta escreveu, vai uma distância enorme,
porque, se os escritos desse poeta não lhes agradam, certamente agradarão a
muitas outras pessoas.
Atualmente, não existe
mais aquela preocupação de antigamente quanto aos detalhes técnicos da poesia.
Métrica, e mesmo a rima não mais são exigíveis. A grande maioria do
"público consumidor" das artes escritas, prefere ver o sentimento, a
alma de quem escreve, transcrita para o papel.
Meus amigos puristas
devem reconhecer que, muitas vezes, em benefício da perfeição técnica,
sacrifica-se a perfeição anímica, uma vez que para encontrar um termo que se
enquadre melhor na métrica, ou mesmo na rima perfeita, precisamos consultar um
dicionário, e isso, convenhamos, tira um pouco da real inspiração
poetal.
Lembro aos puristas que,
mesmo em priscas eras, já havia o termo "licença poética", para justificar
eventuais deslizes técnicos de nossos grandes escritores do passado.
Portanto, mais um
lembrete aos nossos tão preocupados puristas, como está na mensagem de nosso
mestre José de Alencar, escritor de técnica irretocável: "o poeta é o
cidadão do belo e da arte"..., Então, em nome da beleza da arte, a alma
tem que trabalhar liberta, sem se prender aos grilhões da perfeição técnica,
que tolherá sua criatividade.
A poesia é uma criação da
alma poetal que todos temos em nosso interior. Basta que a deixemos fluir
livremente. Existem muitos poetas que mantém maravilhas engavetadas,
simplesmente porque as acham bobas, piegas, ou porque algum
"iluminado" fez alguma crítica azeda quando leu aquele escrito.
Não tenham dúvidas,
crianças, da mesma maneira que sempre existe algum pé cansado que se adapte a
um chinelo velho, sempre haverá alguém cuja sensibilidade se afine com a sua, e
que irá aplaudir sua poesia. Tenho lido verdadeiras preciosidades escritas por
pessoas que se julgavam inábeis para as artes escritas. E as tenho estimulado
para desenvolver sua alma poetal.É preciso realmente saber "ler" a
alma de quem escreveu determinado texto, e sabendo ler, poderá até mesmo
constatar que "foi escrito para voce...", tanto que se enquadra em
seu momento...
Escreve poeta, sem se
preocupar em agradar este ou aquele. Liberte sua alma, simplesmente, eis que
o importante, é agradar sua alma, e assim, solte a criatividade que lhe
habita o espírito. Para cada um que não aprecie seu escrito, não tenha dúvida
de que haverá um outro que lhe achará um gênio.
Da mesma maneira que os
poetas tem seu jeito de sentir e escrever, os leitores tem sua maneira de ler e
sentir. A diferença é exatamente essa, quem escreve, primeiro sente o que lhe
vai na alma, e transpõe esse sentimento para o papel (ou telinha). Quem lê,
percorre o caminho contrário, ou seja, primeiro lê o que tem diante dos olhos,
e depois vai analisar o efeito que o escrito provocou em sua alma. E aí está a
diferença. Nem todos tem o mesmo sentir.
Portanto, tanto aos
críticos quanto aos poetas, sugiro um cordial aperto de mão, um abraço
fraterno, e que haja respeito mútuo nessa história. Vamos desarmar os
espíritos, para que todos tenhamos UM LINDO DIA.
"Escreve poeta...
Solte sua alma e seu
amor...
Mostre de sua alma o
calor...
Marcial Salaverry"
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