Falando em meios de comunicação,
vamos lembrar que já houve tempo em que as pessoas se comunicavam à distancia,
através de sinais de fumaça, ou através de tambores. Aliás, os tambores foram
os precursores do Código Morse, do qual pouca gente atualmente tem
conhecimento, ou sequer desconfia quem seja esse tal de Morse.
Podemos falar de um outro
método de comunicação à distancia que começa a cair em desuso, mas que ainda é
muito usado, que são as cartas e telegramas. Talvez alguns considerem métodos
anacrônicos, mas quem não tem acesso a computadores ainda é obrigado a empregar
esse método “arcaico” de se comunicar. E ainda é muito eficaz principalmente
quando é preciso obter confirmação de entrega, ou quando existe algo mais
do que palavras para se enviar.
Atualmente os e-mails
substituem as antigas cartas. Existem alguns inconvenientes, pois nem sempre se
pode confiar na seriedade do que recebemos, pois não existe a famosa
assinatura, e fica problemático para confirmar a autenticidade da mensagem, e
igualmente não podemos também confiar na certeza de que o destinatário vai
receber nosso recado, pois os provedores muitas vezes “enterram” muitos
e-mails, que jamais chegam a seu destino. Mas, que fazer? São problemas
da alta tecnologia.
Algo contudo é
indiscutível. O computador através dos e-mails, e dos derivativos chamados
chats, icqs, msns, e sei lá mais o que, vem funcionando espetacularmente no
sentido de formar amizades, e inimizades também. Conseguimos “falar”, e até
mesmo falar de fato com pessoas dos mais longínquos rincões, e até mesmo
com vizinhos de casa.
Através do computador,
formamos grupos de amigos, conversamos, trocamos confidências, namoramos e até
casamos através da telinha. São os chamados “amigos sem face”. Conhecemos, e
até amamos, sem sequer ver as feições. Existem as fotos. Mas nunca podemos
garantir que sejam autênticas, até que o conhecimento físico comprove a
legitimidade da foto.
Simplesmente nos sentamos
diante do teclado e do monitor, e digitamos o que nos vai na alma.
Desejamos saber o máximo possível
a respeito de nossos interlocutores, sem, contudo poder ter a certeza da
realidade da situação, pois tudo pode ser ficcional.
Navegando pela Internet,
em sites, chats, procuramos por alguém cuja afinidade possa ser sentida através
da telinha, e assim vamos formando pequenos grupos de amigos, que tem outros
amigos, e assim esses grupos vão se ampliando.
Sem que haja alguma
explicação para isso, encontramos certas afinidades com determinadas pessoas,
com as quais procuramos estreitar os laços da incipiente amizade.
Entre nós, conversamos e
digitamos nossas aflições, e assim, formando um pequeno grupo, tornamo-nos
amigos, e sempre queremos o reconhecimento dessa amizade.
Mandamos beijos e
abraços, que talvez fisicamente não os déssemos e muitas vezes tentamos uma
paquera, um romance com alguém que nos atraia mais. Desnudamos nossa alma, revelamos
intimidades. Somos amigos, mas não
sabemos porque.
Como podemos explicar
esse compartilhar de sentimentos com pessoas que não podemos ver?
Talvez resida aí o
segredo. O fato de não as termos diante dos olhos elimina inibições, ninguém é
tímido, nem mesmo a mais tímida das pessoas, uma vez que diante da telinha tudo
se transforma.
Na realidade, todos nós
temos problemas, e sentimos necessidade de os compartilhar com alguém, mas não
podemos falar para as pessoas reais, pelo receio de sermos julgados, de nos
trairmos pelo olhar, ou mesmo por não resistir aos olhares críticos que
poderemos receber, mas, através do computador, renovamos nossa confiança, podemos
contar tudo. É uma espécie de CVV moderno. Nem mesmo a voz pode trair nossa
real emoção. Se algo nos fizer chorar, ninguém estará vendo.
Uma verdade é iniludível.
Todos precisamos de uma válvula de escape para nossas emoções, e as amizades
“internetárias”, podem ser as melhores possíveis, por nos permitir tantas
coisas.
É certo que muitas vezes
encontramos pessoas de má fé, e que abusam de nossa confiança, e através da
impossibilidade de tomarmos satisfações, muitas vezes causam prejuízos. Mas, é certo também que fisicamente também
somos vítimas de maus amigos... Portanto, elas por elas, os “amigos sem face”
ainda oferecem vantagem, pois uma simples tecla Del pode eliminar muita coisa.
E uma violência física sempre machucará mais do que uma virtual.
Apenas em ambos os casos,
precisamos saber selecionar melhor nossas amizades, e mais ainda nossos
amores...
Pensando nessas
possibilidades, que tal termos UM LINDO DIA...
Marcial Salaverry
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