SENTINDO A PRESENÇA AMADA
Conto de Marcial
Salaverry
Anton e Ludmila, viviam um amor proibido, pois ambos eram
casados, e o amor surgiu através de encontros fortuitos, de uma maneira
repentina, sem que nenhum deles estivesse em busca de aventuras.
Uma troca
de olhares, um roçar de mãos, uma valsa bailada em sonhadores
rodopios.
Viveram intensamente esse romance que, por ser proibido, fatalmente
teria um fim brusco.
Anton fora chamado pela familia para assumir elevado
cargo em um País distante, e teriam de se separar.
E passaram uma uma última
noite amando-se como só aqueles que se amam de verdade sabem amar.
Ludmila
não viu quando Anton a deixou no leito de amor, e, ao despertar, ainda sentindo
a presença de seu amor ausente, a amante chora a ausencia do amante amado, com
as lágrimas correndo mansamente por seu belo rosto.
Quando foi beijar o
travesseiro que ainda tinha o cheiro de seu amor, viu o bilhete que ele lhe
deixara, e chorou de saudade na emoção de ler o que ele deixara escrito.
"Estou aqui neste mundo, apenas para te amar, e meu desejo seria para
sempre ficar em teus braços, e jamais te esquecerei.
Estarei sempre sentindo
tua presença amada, pensando no prazer que me enlouquece, neste amor ao qual me
entreguei sem reservas e nem rodeios, e sempre nos amamos em meio a carinhos
cálidos, que nos trouxeram toda felicidade do mundo...
Entregamo-nos a este
amor sem pejo, sempre satisfazendo nosso desejo, obedecendo ao que comandava
nossas almas.
Perdemo-nos em meio a sonhos delirantes, buscando a felicidade
em todos os instantes...
Sabemo-nos completamente apaixonados, e nos
entregamos à volúpia deste amor, com paixão e com todo ardor...
Com certeza,
este amor que nos mostrou lugares inexplorados, levando-nos a limites nunca
antes alcançados, jamais poderá ter um bom fim, eis que vamos continuar vivendo
e nos sentindo juntos ainda que distantes.
Vivendo esse intenso amor,
esquecemos o que se passa no mundo exterior, apenas entregando-nos a esse doce
calor...
Concentro meus pensamentos somente em ti, sentindo um prazer que
igual jamais senti...
Amando-nos, sussurramos palavras doces, quentes,
sinceras, enamoradas, excitando-nos com carícias apaixonadas...
Amamo-nos, e
sempre buscamos novas energias, querendo repetir as carícias todos os dias, e
mesmo afastados vamos usar a força de nossas almas para continuarmos a viver
nosso amor, ainda que um oceano nos separe.
Queremos ver sempre repetidos
todos os doces momentos de carinhos jamais sentidos...
Apenas queremos viver
o amor que sentimos, entregando-nos um ao outro de maneira total, deixando a
paixão conduzir nosso caminho, perdendo-nos em nosso total carinho, e assim,
aceitando o ávido prazer que nos domina, vamos seguir vivendo para esta paixão
que nos alucina. Neste ou em outro plano. Um dia vamos nos reencontrar. E então,
viveremos nosso amor em PAZ, sem quaisquer sustos mais."
Ludmila
perguntou-se porque ele teria deixado essa carta com as lágrimas correndo pelo
seu rosto, pois Anton lhe havia dito que seria uma viagem que levaria algum
tempo, sem dizer que seria uma separação definitiva.
As lembranças do dia em
que ele havia declarado o amor total, vieram céleres. Estavam se banhando na
cachoeira, e Anton havia coberto seu corpo de flores. Fizera uma coroa com as
orquídeas e a colocara em sua cabeça, e deslizando com suavidade as mãos pelo
seu corpo, declarara todo seu amor. Havia sido o primeiro ato de amor físico. A
primeira declaração demonstrando o amor total e irrestrito que sentia. Anton era
um tipo especial, já que declarava seu amor de uma maneira diferente, não o
fazia de forma corriqueira.
E agora, anos depois, perdida em seus
pensamentos, Ludy, como ele carinhosamente a chamava, estava sentada no terraço
de sua casa, e sem atinar o porque, pegou aquela carta e começou a rele-la pela
enésima vez. Sentiu um arrepio percorrendo seu corpo, e lembrou-se do dia de sua
partida. Estava com uma grave doença, e sabia
não ter muito tempo de
vida.
De repente, sentiu sua presença a seu lado, e viu Adolfo um grande
amigo se aproximando.
Intuiu que algo havia acontecido.
Adolfo chegou, e
simplesmente lhe disse:
Ludy, Anton partiu e te espera...
Veja duas
estrelas que tem um brilho especial no céu...
Devem ser Anton e Ludmila, que
agora finalmente se reencontraram e estão vivendo seu grande amor
num plano
superior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário