Cleide e Marcelo eram
duas pessoas que jamais poderiam sequer se encontrar, pois levavam existências
completamente antagônicas.
Ela, vivia voltada para a
família, pertencendo ao que se chamava na época “meninas de família”, ou seja
casa, escola, eventualmente algum bailinho com a turminha de amigos e amigas, e
aqueles namoricos de portão, sempre sob estreita vigilância de alguém.
Ele, ao contrário,
adorava a vida noturna, frequentador assíduo das “gafieiras” da época, e sempre
procurava a companhia das chamadas “meninas fáceis”. Vivia apenas pensando nos
prazeres da vida.
Seria como o encontro
entre o Sol e a Lua (ou a Sol, e o Lua...).
Contudo, o destino
caprichosamente os colocou frente a frente em um salão de baile, quando ela
tinha brigado com o namorado (estando “livre” portanto...), e ele, por um
incrível jogo de coincidências fortuitas, não estava com sua quase noiva da
época, e fora àquele Baile de Formatura, quase que forçado por um amigo, e
muito contra sua vontade, pois queria dar uma voltinha para matar a saudade das
meninas de sua gafieira favorita.
Ao vê-la descendo as
escadarias do salão, sentiu como que um arrepio premonitório, e comentou com
seu amigo Zé Maria: “Com essa, eu casava amanhã”, provocando uma sonora
gargalhada do amigo, que acrescentou ser mais fácil uma galinha criar dentes do
que ele casar-se, boêmio convicto que era. Bem, alguma galinha deve ter
surpreendido algum dentista...
O amor surgiu entre ambos
naquele salão, como algo estranho para ambos, que não sabiam explicar o porque
do inusitado da situação. Logo começaram a namorar. Contrariando todos seus
hábitos, Marcelo ia visitá-la quase todos os dias, submetendo-se ao “namoro
vigiado” da época. Nem mesmo ele conseguia explicar o porque dessa mudança. O
porque desse sentimento tão forte que lhe dominava completamente o espírito.
Ninguém em sua família
acreditava na seriedade de seus propósitos, acreditando que ele apenas queria
mais um troféu de caça. Apenas Dna Helena, sua mãe, acreditava que daria certo,
e inclusive, disse textualmente: “O caso de vocês vem de muitas vidas. E vocês
vão ficar juntos para sempre, amando-se para resgatar tudo o que trazem dessas
vidas.”
Em pouco tempo, Marcelo
mudou completamente de vida, e depois de outra estranha coincidência, provocada
por uma briga com sua irmã, decidiu sair de casa, e apressar o casamento.
Mais uma vez, a família
duvidou, e apenas sua mãe afirmou que eles teriam longa vida juntos e fariam
muitas viagens, disse inclusive que apesar da vida lhes preparar muitas
surpresas, ficariam juntos para sempre.
Assim foi, e assim
aconteceu Cleide e Marcelo permanecem juntos, apesar de terem personalidades
praticamente incompatíveis. Do que um gosta, o outro abomina. Mas aceitam-se,
respeitam-se e o amor entre ambos é “imexível”. E é em nome desse amor e de
como sempre souberam aparar as arestas que foram surgindo que atravessaram os
anos numa vida cheia de alegrias. Claro que problemas surgiram, que brigas
aconteceram, mas o amor sempre prevaleceu.
Agora pergunta-se o que
pode ter feito surgir esse sentimento tão forte, unindo duas pessoas tão
diferentes. E a melhor resposta foi a premonição de Dna. Helena, sobre o
resgate de vidas passadas. Esse é um autentico amor vindo de um ou de muitos
lugares no passado, pois segundo suas palavras, eles tiveram muitos encontros
mal resolvidos, e teriam esta oportunidade para por a escrita em dia.
Esta é a história real de
duas pessoas que se uniram em nome de um passado distante.
Marcial Salaverry
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