Vamos entender
que o amor não é um jogo de cartas marcadas,
nem tampouco uma
brincadeira...
Na verdade, é
algo muito sério, e como tal deve ser tratado...
Osculos e
amplexos,
Marcial
O mundo é
cheio de crendices, de "verdades" que são aceitas através dos tempos, e que
ainda podem persisitir em algumas mentes retrógradas, entre as quais, existe um
velho conceito, que pode ser considerado preconceito sobre o amor, afirmando que
tão nobre sentimento, não passa de um jogo, a ser usado para conquistar pessoas,
e se conseguir vantagens.
Quem assim pensa, não imagina o como é tão antiga quanto ultrapassada essa velha crença de que não devemos mostrar o quanto amamos o outro, senão ele vai brincar com nossos sentimentos. E de que devemos sempre "jogar" com os sentimentos, ocultando o que nos vai no íntimo, e não se pode entender tal atitude, onde o que vale é ocultar o que realmente se sente...
Será que quando amamos temos que usar um modo estranho
de expressar esse sentimento indo pela via contrária? Temos que fingir, pois
corremos perigo do outro se sentir por demais seguro e aproveitar de nossa aparente fragilidade? E
sentir que está ganhando o jogo? Ledo e triste engano, pois o amor vive melhor
quando existe uma sinceridade plena, total e
irrestrita...
Pior ainda é quando verbalizamos o que
sentimos através de colocações muitas vezes contraditórias, achando que o outro
deva saber ler nas entrelinhas e satisfazer nosso querer sem que precisemos ser claros. Por vezes
circunstancias podem inibir tais declarações explicitas, mas nunca apenas para
manter uma eventual "superioridade", numa boba tentativa de ocultar o que lhe
vai na alma.
Nesse caso, estabelece-se um jogo, onde o "mais
forte" se resguarda de um possivel sofrimento, sem pensar que as regras claras
podem efetivamente levar a felicidade. Mas na realidade, no amor, não existe
essa de que um é "mais forte" que o outro. O sentimento é por demais
democrático, e nivela tudo e a todos. Quando se ama, ama-se, independendo de
quantas vezes se declare explicitamente esse amor, que pode ser manifestado implicitamente, sem que se
lhe diminua a intensidade.
Tolo de quem pensa que o amor é um jogo. O
amor é um sentimento tão pleno que, tendo-se a oportunidade, ou melhor, a
felicidade de senti-lo, devemos nos expressar com a verdade, falando
como sentimos e o que sentimos,
explicita ou implicitamente, por palavras ou por atitudes.
Só não é possivel mensurar o amor verdadeiro.
Ele é, ou não é. Assim, não é mais ou menos, ou muito grande ou ainda quase amor. Se jogamos, se
nos omitimos, se não nos expressamos com clareza e fidelidade, estamos apenas
fazendo um jogo de sedução. E a esse jogo, não se pode dar o nome de amor. E nem
será mesmo, um real amor.
Quando não existe espaço para a verdade,
a liberdade de expressar essa verdade de dizer com sentimento o "eu te amo",
sem o medo da perda de valores tais como "eu sou" ou "eu posso", ou até mesmo
"eu me basto", não estará havendo uma relação madura, onde o respeito e a
liberdade de expressão estão coibidos pelo ego, pelo não sentir, pelo desamor
enfim. É simplesmente um jogo, salvo se houver motivos inibitórios, pois cada
caso é um caso.
Não há necessidade de temer dizer
claramente o que sentimos, quando efetivamente sentimos. Somente haverá ganho
quando existir a reciprocidade. Em não existindo, nada se perde, pois nada
tivemos. Ai será um jogo sem vencedor, e serão apenas dois perdedores se
desafiando.
Um outro derivador, quando enveredamos pela
senda do amor, é o ente amado entender a grandeza de nosso sentimento. O
relacionamento no amor tem que ser construído a todo momento. O amor existe por si só. Não precisa ser "regado".
Mas o relacionamento no amor, esse sim, precisa ser constantemente regado com a
água do carinho, da sinceridade, da
reciprocidade...
Quando estamos em estado de amor nossa alma
abre-se para sua real condição, que é a pureza de uma criança. E como criança, é
inquisitiva e insegura. Não no que sente, mas o que fazer nesse sentir, em como gerenciar esse sentir.
E também como criança, inicia balbuciando as
primeiras silabas. As vezes de
maneira até temerosa pela própria situação de vida dos seres que se amam. Claro
que os dois lados possuem uma história de vida. E nessa história, tantos
aprendizados e conceitos são firmados, que a criança vai esbarrar e sempre
questionar...será assim? não será melhor
assim?
Mas se o amor
chegou e se instalou, esse encontro será marcado por compreensão e respeito. Tal
qual criança que estende a mão e a coloca na tomada, onde terá um alguém
a lhe dizer que aí pode dar choque, também esses
dois seres que agora estão aprendendo a vivenciar o amor verdadeiro, eles irão
cometer erros, falhas, que apesar de involuntárias, servirão para estabelecer os
limites do ferir, do magoar, levando ao bem
viver...
Em estado de amor, serão duas crianças a
crescerem juntas, a descobrirem juntas qual é o verdadeiro caminho para a
felicidade. E as palavras irão se formando, os pensamentos se
organizando, até que finalmente
as sílabas se convertem em palavras. Três palavrinhas apenas, que significam
todo um dicionário: EU TE AMO.
E principalmente, quando se definir a
existencia de um sentimento vivido em reciprocidade, entra em campo algo muito
importante, que é o respeito à individualidade da parceria. Jamais poderemos
querer que nossa parceria seja como nós queremos que seja. Temos
que respeitar sua maneira de ser,
procurando amoldar-nos à sua personalidade, ao mesmo tempo em que ela procura
amoldar-se à nossa. Esse é o real segredo do amor. O respeito mútuo. E isso só
pode ser conseguido com muito diálogo. Um diálogo leal, sincero, sem
subterfúgios, cada um abrindo sua alma, suas necessidades, seus problemas, sem a
ideia de que o amor pode se resumir em um jogo, com vencedor e vencido, mas sim,
o mais lindo dos sentimentos, com a saudável conjunção de amor e amizade, e
assim, o jogo permanece empatado, mesmo durante a prorrogação e decisão
final...
Esse é o enfoque correto para o amor,
possibilitando ao amor fazer de cada dia sempre UM LINDO
DIA,,,
Marcial Salaverry
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