SAUDADE DA INFANCIA QUERIDA

Lembram? Um dia fomos crianças, e como disse o poeta,
"Que saudade que tenho da minha infancia querida..."
Assim, não podemos nos esquecer daqueles tempos "que os anos não trazem mais",
e igualmente não devemos permitir que o espírito acompanhe o "idosamento" do corpo...
Para tanto, vamos manter a infancia na alma...
Osculos e amplexos,
Marcial

SAUDADE DA INFANCIA QUERIDA...                                               
Marcial Salaverry

Falar sobre a "saudade da infancia querida", é uma verdade indesmentível, pois com toda a certeza, um dia fomos crianças e assim, algo que não devemos jamais deixar morrer em nosso espírito, é aquela criança que um dia fomos, e que existia em nosso corpo.

Como era uma outra época, certamente ela era uma criança muito feliz, que pulava, ria e adorava brincar com tudo, jamais querendo se desfazer de seus brinquedos velhos, porque não havia a facilidade dos dias de hoje, e principalmente, não existia o tal do "smartphone..."

Quanta coisa fizemos em nossa infância, e que esquecemos depois, como pular amarelinha, rodar pião, brincar de "sela", de "dono da rua", voltar pra casa bem devagar em dias de chuva, chapinhando nas poças d'água, correr feito doido pelas calçadas, tocando campainhas e trepando em árvores. Como era gostoso roubar as jabuticabeiras dos vizinhos, e quando queria comer os doces que meu pai não queria comprar "para não estragar os dentes", roubava chuchu na horta do "seu" Julio, e ia troca-los por doces na venda do "seu" Manoel, que topava a troca porque não gostava do Julio...

Vibrava quando ganhava brinquedos novos. Adorava brincar com  tampinhas, soldadinhos de chumbo, caminhãozinho de madeira, bolinha de gude. Alguma criança de hoje sabe o que era isso? Hoje só conhecem os jogos do celular...

Adorava brincar de médico, "examinando" as meninas, e com essas idéias de jerico, sonhava ser médico só para poder toca-las à vontade... Ainda bem que não fui... Igualmente amava de paixão jogar futebol de botão. Meu tricolor ganhava todas.

Não via a hora de chegar as datas especiais. Na Páscoa, entupia-me de chocolates, e minhas irmãs adoravam isso, porque depois iam espremer minhas espinhas...

Quando estava chegando o Natal, escrevia cartas e mais cartas para Papai Noel. E que grande frustração naquele ano de crise financeira, quando o par de patins pedido, virou uma bola de futebol.

Encantava-me quando tinha circo. Adorava os trapezistas e os palhaços. E quando surgiam as feras, sonhava com safáris na África. (e não é que consegui?).

Essa criança não devemos deixar morrer jamais, devemos conserva-la dentro de nós, e passar sua imagem para nossos filhos, netos e bisnetos, e quem sabe tataranetos... ensinando que não devem deixar o adulto que vai aparecer sufocar esse espírito alegre e meio rebelde que toda criança tem. Esse inconformismo com certas regras que os adultos impõem, bitolando a vida das crianças.

Se ela tentar fugir, devemos procura-la. Se em determinada fase de nossa vida a perdermos de vista, devemos dela nos lembrar e ir busca-la lá naquele poço onde a jogamos, e resgata-la, porque a  idosidade não deixa de ser uma volta ao passado. E podemos esquecer certas responsabilidades que nossa "adulticidade" nos trouxe. Podemos esquecer um pouco certas "normas de conduta", e ser criança novamente. Sentir outra vez a alegria de viver, ainda que a vida nos tolha um pouco os movimentos físicos, mas nossa alma jamais deverá ser tolhida.

Não devemos ter vergonha de ser feliz. De sorrir para um estranho. De sentir que aquela criança que não tinha certos preconceitos está viva e bem viva em nossa alma, e se nosso físico não nos permite pular corda, jogar futebol, brincar de "uma na mula", deixemos que nossa alma o faça, e nos sentiremos igualmente felizes, jamais nos esquecendo de que "recordar é viver..."

Para não deixar morrer essa criança que todos temos dentro de nós, deixemo-la sair, deixemo-la sonhar, empinar papagaios porque isso não custa nada, e faz um bem enorme, chegando mesmo a ser medida preventiva contra estresse, enfartes e colesterol alto, sem esquecer o famoso triglicerídeos...

Com o pensamento em filhos, netos e bisnetos, vamos festejar o dia da Criança de igual para igual, pois, sem duvida este será UM LINDO DIA, pois na verdade, Dia da Criança, são todos os dias do ano, em que sua alma se lembrar daqueles tempos "que os anos não trazem mais"...