Certamente o carinho de um abraço amigo sempre fará
falta para a felicidade plena...
Ósculos e amplexos,
Marcial
QUANDO
AQUELE ABRAÇO NOS FAZ FALTA
Marcial Salaverry
Interessante é a natureza humana. Muitas vezes desejamos ardentemente estar
com alguém, abraça-lo, beija-lo, e nos contemos. Por não conseguir dar aquele
passo na direção certa, deixamos passar a oportunidade de momentos felizes.
Trocamos uma alegria por incontáveis momentos de mágoa, de tristeza, e até de
revolta.
Por que será tão difícil declarar nossos sentimentos de
carinho? Quantas vezes perdemos amizades, e até mesmo amores, por não conseguir
soltar o que levamos dentro da alma...
Seja por inibição, seja por
orgulho, seja pelo medo de não sermos entendidos, deixamos que alguém se vá sem
saber o quanto bem lhe queremos. E quando essa ida é definitiva, mais ainda
lamentaremos por não ter usufruído do carinho e bem estar que poderíamos ter
desfrutado, ao invés de tristes momentos cheios de mágoa e solidão, julgando-nos
injustiçados pelo Destino, que não soube nos aquinhoar com a felicidade de que
nos julgamos merecedores.
Esquecemo-nos contudo, de analisar que por
nosso livre arbítrio deixamos de dar um passo na direção desse alguém.
Deixamo-lo pensar que não o queríamos bem, quando na verdade o que mais
queríamos era dar-lhe um apertado abraço, e dizer-lhe tudo o que tínhamos
engasgado em nosso interior.
Muitas vezes tememos uma rejeição. Julgamos
não sermos queridos. E por isso, deixamo-nos ficar estáticos, sem coragem para
estender a mão, sem coragem para estender os braços e abrir nosso coração. Não
notamos que a outra pessoa também está passando pelo mesmo conflito. E ambos
ficamos remoendo nossos desejos, vencidos por ressentimentos que talvez não
tenham razão de ser.
Mães que se separam de filhos, avós que desejam
ardentemente conhecer seus netos, mas resistem durante anos aos desejos de dar o
primeiro passo. Perguntam-se “E se for rejeitada? E se minha neta não me
quiser?” Então, nesse “se”, nesse “talvez” o tempo vai passando e o tão sonhado
abraço não se concretiza. Até que um dia arrisca-se um telefonema, e verifica
que o desejo era recíproco. Só faltava a coragem para o primeiro passo e que uma
vez dado, pode ganhar o presente daquele abraço tão anelado. E vem a constatação
de que em nome do medo de uma rejeição perderam-se anos de uma convivência
feliz, e quando ainda se consegue recuperar o tempo perdido, e o abraço ainda
acontece, é bom demais.
Acontece que muitas vezes ocorre uma perda
irreparável. Nesse caso, a mágoa de não ter dado aquele abraço vai acompanhar
para sempre. E o orgulho vence mais uma vez o bom senso.
Bom senso que
sempre deverá prevalecer, pois o máximo que pode acontecer quando estendemos a
mão buscando uma reconciliação, é sermos rejeitados. Mas ao menos tentamos,
fizemos nossa parte. E mesmo num caso de rejeição imediata, sempre poderá abrir
uma fresta na carapaça do outro alguém, e o abraço ainda poderá
ocorrer.
Sempre vale a pena abrir nosso coração, falar de nossos
sentimentos. Muita coisa pode ser evitada agindo-se dessa maneira. Não podemos
deixar que nosso orgulho nos impeça de dar o famoso primeiro passo, nem tampouco
podemos deixar que o ressentimento nos domine se não formos bem recebidos.
Sempre poderá haver uma outra tentativa, basta deixarmos a poeira se assentar, e
as coisas esfriarem.
Orgulho, ciúme, inveja, ódio, são sentimentos
daninhos que precisamos aprender a superar, se quisermos ser felizes realmente,
e principalmente, nunca devemos culpar o destino por nossa infelicidade. Nós
temos condições de gerir nosso destino, usando adequadamente nosso livre
arbítrio.
Para tanto, sugiro um movimento de paz. Cumprimente um possível
inimigo, e veja se ele não esboça um sorriso ao notar que você o cumprimentou
espontaneamente. Se não o fizer, pelo menos ficará surpreso com sua atitude, e
você se sentirá melhor por te-lo feito.
Assim, inclusive, será mais fácil
ter UM LINDO DIA, que poderá ser repetido sempre que estiver levando amizade,
paz e amor no coração...
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