Sabemos que existe o amor-perfeito, que é uma linda flor, mas não
podemos querer perfeição no amor, e é fácil entender porque...
O assunto amor é mesmo inesgotável. Quando parece que já falamos
tudo o que se poderia falar sobre essa coisa maravilhosa que é o Amor,
encontramos uma citação feita por algum dos luminares da
literatura, dizendo alguma coisa de novo, e nos faz descobrir que ainda se
pode falar muito sobre ele, como este texto de Moliére:
"O amor é um mestre admirável que nos ensina a
sermos o que nunca fomos; e muitas vezes, com as suas lições, muda
completamente, num instante, os nossos
costumes..."
Efetivamente, quando se é atingido por suas setas certeiras,
mudam-se conceitos, mudam-se modos de vida, personalidade e tudo o mais que se
possa ser mudado para que as coisas se "conjuminem". Muda-se até de cidade, de Estado ou de
País...
Quando amamos de fato, sempre procuramos ver os
pontos de discordância com a pessoa amada, e procuramos ver o que se pode mudar
para uma coexistência pacífica, sempre procurando a perfeição do amor.
Então, logicamente se alguém tem um estilo de vida digamos, muito
liberal, gostando de saídas noturnas, e certos passatempos em que o conjugue não
irá se sentir bem, deverá e obviamente será de seu desejo mudar alguma coisa,
para criar um ambiente de cordialidade em casa, evitando-se áreas de
atrito.
Para que um amor seja perfeito,
seja bem vivido, e que possa dar certo, vingue e dure bastante tempo,
essas acomodações são necessárias.
Impõem-se mudanças. Ambos os
lados sempre devem ceder e mudar, em benefício do amor, e é aí quando se pode
começar a ver que não é bem perfeito.
Na realidade, o amor nasce da atração entre duas pessoas, que se
leram, ou que se viram, e se gostaram. Pronto, beleza pura, amam-se e serão
felizes. Será tão simples? Se fosse simplesmente assim, seria mesmo
perfeito.
Mas é lógico que não o é. Pois se fosse assim tão simples, lindo
leve e solto, não teria graça nenhuma.
Muito mais importante do que se conquistar o amor, é a sua
manutenção. E esta só é conseguida com a
convivência, que por sua vez depende do acerto de personalidades, onde
cada um dos parceiros precisa ver no que é
possível ceder e mudar, para que o acerto se verifique, e comece assim a chegar
perto da perfeição, ou pelo menos de uma boa vida em comum...
Ambos os lados devem se acertar, e isso é muito importante, pois se
apenas um dos lados cede, dá-se o domínio de uma das partes, já criando uma área
de atrito permanente.
É uma sociedade que se cria, e como tal deve ser tratada, e
quando se está vivendo um relacionamento de
longa data, é gratificante olhar para trás, e chegar à conclusão de que foi
possível estar nesse ponto, porque tiveram o discernimento, o senso de
equilíbrio de fazer as mudanças necessárias em tempo hábil, entendendo
que realmente o que os une é um amor real e
verdadeiro, que superou todas as intempéries da vida, conduzindo-os a um ponto
de equilíbrio, que só foi possível pelo respeito mútuo e pelo acerto das arestas
e pontos de desgaste que surgiram no início do relacionamento.
Mas nem assim se pode dizer que vivem um amor perfeito, pois todos
os acertos havidos, sempre deixaram arestas não totalmente superadas, e sempre
será preciso usar-se bom senso e discernimento para que, apesar das
imperfeições, o amor sobreviva, e as mudanças lembradas por Moliere sempre possibilitam
isso.
Esperando que tais lembretes possam ser
úteis a alguém, desejo a todos UM LINDO
DIA.
Marcial Salaverry
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