O que vivemos na infancia sempre deixa marcas para a
vida toda...
Vivemos dessas lembranças...
Dia dos Pais sempre é feito de
recordações...
Como todo pai, o meu teve seus erros e acertos...
O maior
de todos seus acertos, foi ser meu pai...
Osculos e
amplexos,
Marcial
INESQUECÍVEIS LEMBRANÇAS DO MEU PAI
Marcial
Salaverry
De volta ao passado, lembro que de meu pai herdei
principalmente o espírito aventureiro, principalmente uma vontade enorme de
conhecer o desconhecido, de não ter medo de enfrentar a vida e suas
dificuldades, de ir à luta com decisão, sem medo de eventuais
percalços.
Por causa dessa sua maneira de encarar a vida, nunca tivemos
uma situação estável financeiramente falando, mas ele sempre nos soube passar
toda sua vasta experiência de vida, dando bons e maus exemplos, ensinando à sua
maneira como fugir de certos vícios.
Por exemplo, ele foi um fumante
inveterado, mas soube mostrar o lado feio do vício, pois fazia questão de dizer
que não conseguia largar o vício, por lhe faltar força de vontade para tanto,
dizendo-se um covarde por causa disso, mas que o cigarro lhe havia prejudicado
terrivelmente a saúde, debilitando seu coração e seus pulmões, e sempre fazia
questão de lamentar que quando jovem ninguém lhe alertara sobre isso.
Com esse exemplo diante de nossos olhos, dos seis irmãos, apenas uma foi
fumante. Como era jogador compulsivo justificava-se dizendo que o vício lhe
havia entrado no sangue, e deixava claro que lamentava haver se deixado dominar
por esse vírus daninho, e que o jogo era o responsável pela situação instável
que sempre vivêramos, e assim, apenas um dos seis irmãos enveredou por esse
caminho, mas conseguiu sair fora, antes que fosse tarde demais.
Por causa
destes vícios, alguém poderá dizer que não foi um bom pai, mas na verdade, não
importa muito quem ele tenha sido, ou o que ele fez... O que importa, na
realidade, são as lembranças de momentos gostosos, e dos ensinamentos que ele me
deixou. Mais que um pai, foi um grande amigo. Gostava de reuniões familiares, e
tinha o hábito de após o jantar, manter-nos sentados à mesa, para o que ele
chamava de mesa redonda, onde trocávamos idéias, e resolvíamos problemas.
Aceitava nossas críticas contra seus vícios, e nos estimulava a lutar contra.
Dizia que uma vez começando, era muito difícil sair. E que não deveríamos
adquirir nenhum desses vícios, lembrando que naquela época os vícios mais
falados e praticados, eram os "inocentes" fumo, bebida e jogo. Bons tempos
aqueles em que drogas eram exclusividade de uns poucos.
Não gostava que o
chamássemos de "senhor", dizendo ser um tratamento muito cerimonioso para pais e
filhos, onde deveria imperar a amizade, a confiança e o respeito, mas sem
cerimônia. Frizava sempre que amigos dispensavam cerimônias.
São essas as
principais lembranças de meu pai. O câncer provocado pelo cigarro o levou quando
eu ainda era muito jovem, mas ficou sua lição de vida. Aproveitei bem tudo o que
ele ensinou, pois nunca me deixei levar pelo fumo ou pelo jogo, e também
procurei criar meus filhos dentro de um clima de amizade, passando-lhes todos os
ensinamentos que a vida me deu, sendo para eles, o que meu pai foi para mim, ou
seja, acima de tudo, um grande amigo, sempre pronto a escutar os problemas, e
dirimindo suas dúvidas existenciais.
E isso penso ser o principal elo que
deve existir entre pais e filhos. Uma grande amizade, sempre propiciando que
todos os dias possam ser sempre UM LINDO DIA, procurando repeti-lo a cada dia de
nossa vida...
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