Só devemos "entregar os
pontos", quando efetivamente chegar a hora, pois enquanto houver vida em nosso
organismo, devemos procurar vive-la em plenitude...
Ósculos e
amplexos,
Marcial
Certamente devemos sempre ter amor à vida, vivendo-a com maturidade,
dignamente, enquanto vida existir dentro de nós.
Pode-se dizer que viver com maturidade, parece ser apenas coisa de gente
madura, ou seja, já de uma certa idade, ou melhor, de uma idade certa, mas não é
bem isso, pois na realidade, nosso amadurecimento principia quando nascemos, e
só termina quando deixamos o convívio dos amigos, partindo para outro
plano...
Contudo, podemos começar a ter problemas, se e quando começamos a nos
achar maduros demais, e passamos a pensar que já nada mais temos a fazer neste
mundo, e que apenas devemos curtir a velhice. Sem duvida, encarar a coisa sob
esse prisma, é péssimo, e já começa a embaralhar as idéias, que podem e devem
estar maduras, mas jamais podres...
As idéias amadureceram mais um pouco,
pois li um pensamento que se aplica à perfeição ao tema e que exige uma certa
reflexão. Vejam-na:
"Pense em si mesmo como alguém que tem direito à
felicidade".
Não sei quem é o autor, mas gostaria de ter sido eu quem
teve essa inspiração, pois era exatamente essa sugestão que pretendia passar
para as pessoas que começam a se entregar ao peso dos anos, esquecendo-se de que
enquanto estamos vivos, sempre temos algo a fazer na vida, pois ela existe ainda
dentro de nós.
Sem dúvida, a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é
chegar naquele ponto em que diz nada mais ter a fazer e entrega os pontos.
Pode-se dizer que morreu em vida. E é ruim demais quando isso
acontece.
Gostaria de pegar cada uma dessas pessoas apenas para tentar
mostrar que todos, sem exceção temos algo a fazer por alguém. Ninguém está
completamente inutilizado para a vida.
Precisamos sempre nos lembrar que
todos tem direito à felicidade. Mas temos que saber buscá-la, não se pode
esperar que ela caia do céu. É importante cada qual fazer sua parte.
Não é
tão fácil assim poder buscá-la, como argumentou uma amiga, acrescentando que
estava viúva há já alguns anos, e que sentia muito a falta do marido, e não via
mais razão de viver. Não posso concordar com essa maneira de pensar, pois
se perdermos a parceria, ainda aqui estamos.
Apenas tentei mostrar para ela,
que sempre temos razão para viver, pois ainda estamos respirando, estamos nos
locomovendo, sempre teremos algo a fazer no mundo.
Sempre existirá alguém que a ame, e que aprecia sua
convivencia...
Sugeri que começasse a viver, pois tinha direito à
felicidade. Indiquei-lhe procurar os Centros de Convivência da Terceira Idade,
que procurasse grupos de excursão. Que procurasse, enfim, contato com pessoas
vivas. Existe tanta vida espalhada por aí... Basta saber procurar.
Enfim, que
ao invés de ficar em casa chorando a perda do companheiro querido, que
procurasse sim, manter as recordações de todos os bons momentos vividos juntos,
e que fosse tentar viver.
Bem, para encurtar a história, hoje essa pessoa
continua só, mas notei uma alegria de viver no brilho de seus olhos. Tem
viajado constantemente. Nas reuniões do Cecon, conversa com amigas lá
conhecidas, faz tricô, está aprendendo pintura em seda. Enfim, está vivendo.
Está feliz. Faz constantes viagens, diverte-se um bocado. Até dançar já está
fazendo...
Esqueceu o marido? Claro que não. Sempre se lembra dos momentos
felizes vividos juntos. Mas são lembranças boas, e não amargas. Não lamenta
mais o fato dele não estar mais aqui, mas sim alegra-se por ter tido sua
companhia por tantos anos. Foram anos de muita felicidade. Tenho a certeza de
que onde está, ele apenas quer que ela seja feliz. Que viva, enfim...
Muitas
vezes, pode até encontrar um outro alguém que esteja igualmente solitário. Claro
que não se pode esperar que surja uma grande paixão, um grande amor. Mas que
surja alguém com quem possa dividir a solidão. Não é imprescindível, pois é
perfeitamente possível administrar-se a solidão. Basta que se encontre uma
ocupação. Algo com que preencher o tempo ocioso.
Os fatos são os mesmos, o
que muda é o enfoque. É a maneira de se encarar os fatos.
Se a idéia serviu
para uma pessoa que estava completamente amargurada, poderá servir para qualquer
pessoa. Basta que consiga acender uma pequena luzinha em sua vida. Basta que
entenda seu direito à felicidade e saiba usá-lo.
E amigos, como é bom
sentir-se VIVO, como é lindo poder agradecer ao Amigão o fato de sentirmos a
alegria de viver.
Para cada problema existe uma solução. Só temos que saber
procurar. O importante é nunca entregar os pontos. E o ponto final da vida só
surge quando ela efetivamente acaba. Nunca antes.
Bem crianças, essa é minha
maneira de encarar a vida. Vivê-la, enquanto vivo estiver. E para tanto, UM
LINDO DIA, é imprescindível. Desejo-o para
todos.
Marcial Salaverry
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