Quantas vezes desejamos
alguém perto de nós...
Quantas vezes ansiamos
pela presença de alguém fisicamente distante,
mas que consegue estar
animicamente a nosso lado...
Ósculos e amplexos,
Marcial
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Para viver um amor à distancia, é preciso
saber sentir ao lado a presença de alguem que está distante, e pode parecer
um contra-senso, falar-se em presença distante, mas é um fato que duas
pessoas, embora estejam distantes, podem sentir-se juntas. E não é difícil
sentir tal sensação. L’Inconnu já disse: "Juntos ainda que
distantes..."
Para que isso seja possivel, é
necessário duas coisas, quais sejam, primeiro, tem que haver um sentimento
muito forte unindo essas pessoas, de modo que a distância não as impeça de se
sentirem juntas, assim como tem que haver uma grande força de imaginação para
vivenciar a presença de alguém que não está a nosso lado.
Essa é uma forma de amor quase que
espiritual. Não direi platônico, porque sempre existirá o desejo do contato
físico, e o amor platônico é aquele definido como algo etéreo, que existe
mesmo só na imaginação, e a, digamos, "vítima" se limita à
contemplação do vulto amado, seja por uma foto, ou a presença imaginada.
Neste caso de amor distante, pode haver um
conhecimento físico. As pessoas se viram, se gostaram, mas por motivos
diversos se separaram. Todavia, houve uma forte atração. Então, fica aquele
amor à distância. Eventualmente falam-se, escrevem-se, mas não se
vêem, o que não impede que o sentimento cresça.
A distância pode ser algo de definitivo.
Abandono, morte, simples sumiço, sabe-se lá as razões que podem
separar duas pessoas. Porém, a presença ficou marcada de tal maneira, que por
vezes se chega a sentir a presença ao lado. Chega-se mesmo a sentir o cheiro.
Nos velhos tempos, muitas pessoas foram
conquistadas com cartas de amor, com poesias enviadas anonimamente,
mas muitas dessas paixões, o conhecimento físico jogou por terra.
Ou não. Mas era lindo receber-se uma carta de amor, geralmente anônima.
Ficava-se amando quem escrevera aquela carta. Imaginava-se como seria essa
pessoa misteriosa. E justamente esse toque de mistério, aumentava o
envolvimento. Encostando a carta no peito, sentia-se o abraço do amor
desconhecido. Lindo. Poético. Romântico. De verdade, sem gozação... Eram
romances que duravam anos nessa festa epistolar.
A tecnologia não conseguiu quebrar esse
romantismo. Ainda bem. As poesias escritas em papel perfumado e entregues
sorrateiramente, foram substituídas por lindas poesias enviadas via Internet.
As cartas de amor, que geralmente eram colocadas camufladamente por debaixo
das portas, agora foram substituídas por e-mails. Mas o efeito continua o
mesmo. Ainda despertam o romantismo e o amor. Ainda fazem sonhar. Ainda
despertam amores loucos.
Ainda existe romantismo. Corações ainda
batem acelerados por amor. E que esses românticos não morram, pois o que
seria do mundo sem os apaixonados?
Ainda bem que, se o mundo mudou, os
sentimentos não mudaram. Ainda existem pessoas que se emocionam com palavras
doces e românticas, e que ainda conseguem sentir aquele
"calorzinho" interno ao receberem correspondencias. E que conseguem
ter a capacidade de "sentir" a presença de quem
lhe desperta doces sentimentos.
É sinal de que ainda está viva a chama
interna. É preciso ter muita capacidade de amar, para conseguir bem viver
esse "amor à distância", para não sentir a exigência física. Ou
para que o amor resista a essa exigência, ainda que muito sentida.
Por que não se juntam, já que se amam? Por
que? Porque, oras. Razões mil podem impedir esse encontro físico, que até
mesmo pode "quebrar o encanto" do amor espiritual.
Quando o encanto persiste, quando ao amor
espiritual junta-se a força do amor físico, é a glória total, a
felicidade completa...
Muitas vezes é gratificante estar-se
"juntos ainda que distantes". Pode ajudar a esquecer mágoas ou
sofrimentos recentes, que uma presença física poderia até mesmo reavivar, ou
pode mesmo, ajudar a reencontrar um caminho. Seja um sentimento de amor ou de
amizade, mas que consiga produzir essa deliciosa sensação de prazer, ainda
que etérico.
Enfim, mesmo que distantes, vamos procurar,
juntos, ter um LINDO DIA.
Marcial Salaverry
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