Uma verdade que precisa ser dita, é que por vezes
o amor, a amizade, a
simpatia pessoal pode nos
levar a erros de
julgamento
O amor nos leva a certas ilusões, que encobrem
certas verdades, e assim, sempre dizemos que o amor de mãe é cego, e a tudo
perdoa, porque para as mães, de modo geral, suas crianças sempre serão
perfeitas, e nada farão de errado. Muitas vezes chegam a fechar os olhos para
não ver certas barbaridades cometidas por seus rebentos, sempre procurando
atribuir a culpa a terceiros, que passam a ser as "más companhias"...
Mas tal julgamento é um tanto quanto falho, pois
todas as pessoas são passíveis de erros (nossos filhos inclusive), e aliás, não
é “exclusividade maternal”, pois todos nós temos uma tendência natural para
jogar com dois pesos e duas medidas, dependendo de quem cometeu este ou aquele
erro, se é alguém de quem gostamos ou não. E invariavelmente faremos o prato
pender a favor do lado que conta com nossa simpatia. Sempre com a tradicional
frase: " Fulano eu conheço, é gente de bem. Agora o outro... sei
não..."
A simpatia pessoal sempre poderá atrapalhar
qualquer julgamento. Nossos amigos serão incapazes de atos falhos, sob nosso
ponto de vista, e nem sempre tal maneira de pensar estará correta, pois é
necessário que haja isenção de ânimo para que se possa julgar quaisquer atos
falhos que sejam cometidos.
Aliás, isso é reconhecido pela Justiça, quando da
escolha dos jurados que irão decidir os destinos de algum réu. Eles não podem
sequer ser conhecidos remotos da pessoa a ser julgada.
Justificando tal ponto de vista, li uma frase de
autoria de nosso famoso L'Inconnu, que vem a calhar para o assunto em pauta:
"As pessoas que mais gostamos,
são as que mais nos decepcionam, pois pensamos que são perfeitas e esquecemos
que são humanas."
E isso é algo que jamais poderemos esquecer, pois o
erro é inerente à nossa condição humana, eis que todos somos sujeitos a fazer
alguma besteira. Todos somos basicamente honestos, mas muitas vezes a tentação
é forte demais para nossa condição humana, e poderemos cometer algum deslize.
Os outros erram, ou fazem sacanagem, nós, ou nossos amigos apenas cometemos
eventuais deslizes. Imbuídos dessa certeza, poderemos saber que aqueles a quem
amam também estão classificados como humanos, e passíveis de erros, mas quando
estes acontecerem, nossa decepção sempre será dobrada.
Essa falha de julgamento é um dos erros que mais
frequentemente cometemos. Muitas vezes preferimos encobrir coisas erradas,
pelos laços que nos ligam a pessoas culpadas, e esse não é um procedimento
correto, pois nada mais justo do que aquele que errou, pagar por seus erros,
seja ou não alguém de nossas relações, seja ou não um grande amigo, ou parente
nosso.
Aquele que disser que jamais cometeu um ato falho,
ou alguma infração, direi estar diante de alguém que não nasceu ainda, ou então
de um grande mentiroso que, por sua mentira está incorrendo em nova infração.
Não é somente de crimes, roubos, peculatos,
adultérios, apropriações indébitas, mensalões, cujas punições estão previstas
pelo Código Penal, que é composto o mundo de “crimes” usualmente cometidos.
Também podemos falar em “cola” nas provas
escolares, subornos de guardas de transito, mentiras contadas aos pais, irmãos,
chefes, conjugues, etc... E assim vai, todos sabemos o que já fizemos na vida.
Portanto, perfeição não existe. E o fato de também sermos passíveis de erros,
confirmando o célebre ditado: "HERRAR É UMANO", automaticamente
não nos dá direito de julgar aqueles que desejamos condenar. Podemos, quando
muito criticar quem acreditamos estar errado, sujeitando-nos a receber criticas
por nosso procedimento.
Assim sendo, vamos dar a todos o direito de errar,
desde que não sejamos prejudicados, pois nesse caso, temos o direito de
defender nossos direitos. Mas, fica a ressalva. Uma coisa é criticar e procurar
defender nossos interesses na ameaça de sermos lesados, outra coisa é condenar
sumariamente aquele que errou. Por sermos igualmente “umanos”, e portanto
sujeitos a “herros”, não temos o direito de julgamentos sumários, e crucificar
quem quer que seja, até mesmo um presidente bêbado... Quem nunca tomou alguns
pileques na vida?
Todo e qualquer crime deve ser apurado, e julgado
por quem de direito, embora nem sempre esses julgadores possam estar capazes de
um julgamento correto, ou honesto, haja visto o que tem acontecido ultimamente
com certos julgamentos, sujeitos que estão a inexplicáveis
"infringencias"...
Indiscutivelmente uma vez apurada a culpabilidade
daquele por quem brigamos um dia, apenas por ser uma pessoa querida, aumentará
nossa decepção, pois o amor sempre nos leva a certas ilusões, e as desilusões
sempre são tristes...
Assim, vamos pensar em nossos “herros umanos”,
sempre procurando ter UM LINDO DIA,
ao invés de cometê-los.
Marcial Salaverry
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